Parlamentares e especialistas brasileiros durante seminário na última quinta-feira (21), baseados no envelhecimento da população, recomendaram investimentos financeiros, ampliar as políticas públicas para melhorar a qualidade de vida dos idosos, e também destacaram a importância de combater a discriminação contra as pessoas mais velhas.
O evento foi realizado pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados para comemorar os cinco anos da comissão e também o Dia Mundial do Idoso, celebrado em 1º de outubro.
Durante o encontro, os reflexos da pandemia do coronavírus foram apontados pelos participantes. A doença revelou ainda mais as desigualdades na trajetória do envelhecimento da população diante dos impactos na renda das famílias, na mortalidade dos mais velhos e na rotina dos residentes em Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPIs).
Ana Amélia Camarano do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), alertou o novo paradigma demográfico, com famílias de filho único e com até quatro gerações e aumento da expectativa de vida ao nascer e nas idades avançadas. “Você tem o crescimento da população que demanda benefício e um tempo maior dessa população recebendo benefício. Por outro lado, você tem uma proporção e um número cada vez menor de pessoas contribuindo para pagar a Previdência, a Seguridade das pessoas mais velhas”.
O presidente da comissão, deputado Dr. Frederico (Patriota-MG), mostrou dados em que os idosos brasileiros já são mais de 30 milhões e serão 25% da população até 2050. Sendo necessária tomadas de decisões para enfrentar os desafios do envelhecimento. “Incentivar políticas públicas que possam levar ao idoso uma melhor qualidade de vida – não para atender à vida pessoal da pessoa idosa, mas para atender ao nosso País. Com ¼ das pessoas com mais de 60 anos, essas pessoas precisam ter uma vida saudável, precisam ter uma capacidade laborativa, uma capacidade social”, apontou.
A ministra Damares Alves, exaltou a visibilidade que vem sendo dada aos temas relacionados aos mais velhos tendo o apoio do governo para as iniciativas municipais. “Nós estamos trabalhando na direção de que, lá na ponta, os municípios também estejam organizados, preparados e estamos buscando, estamos lutando para que, no máximo em seis meses, todos os municípios do Brasil já tenham o seu conselho municipal do idoso”, disse a ministra.
Para autora da proposta de criação da Comissão do Idoso, deputada Leandre (PV-PR), é necessário buscar uma mudança cultural para que os mais velhos sejam tratados com respeito. “Infelizmente, a velhice está associada à inutilidade. Nós, quando temos algo velho na nossa casa, encostamos de lado. E a gente também tem um mau hábito de ‘coisificar’ as pessoas, sabendo que as pessoas idosas têm uma importância muito grande para a sociedade e nós não estamos conseguindo enxergar”, afirmou.
Vários aspectos de discriminação foram relatados no seminário. Lucelia Nico, do Ministério da Saúde, apontou a inclusão do termo “velhice” na Classificação Internacional de Doenças (CID). Wallace Hetmanek, da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), ressaltou a heterogeneidade da velhice e apontou expressões preconceituosas utilizadas no dia a dia. “Que a gente pare de atribuir apenas o positivo ao jovem e o negativo ao velho. Então, se o corpo vai mal e a cabeça vai bem, que a gente enquanto idoso possa fazer o contrário: dizer que a cabeça é de velho, de idoso, e o corpo é que é de jovem, ou seja, a gente começar a promover, na prática, cotidianamente, alterações nesse estigma.”
A comissão
Em cinco anos de atividades, a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados analisou 143 projetos de lei e discutiu temas como envelhecimento ativo e fortalecimento das ILPIs. Um tema que, até em 2016, era tratado pela Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), mas que, segundo os parlamentares, não havia tanto espaço para debates.
