A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o envelhecimento como ação natural do ser humano, sendo o passar dos anos e da idade um fenômeno comum em todas as sociedades mundiais. Chama a atenção, entretanto, os números de idosos em muitos países, provando que a expectativa de vida tem aumentado.
Durante a década de 1950 o número de idosos no mundo rondava por 205 milhões, em 2012 já eram 810 milhões, segundo dados da OMS. A Organização ainda sugere que até 2050 a população 60+ alcance 2 bilhões. No Brasil, a expectativa de vida subiu cerca de quatro anos, passando de 70 a 74 anos no ano de 2013. A terceira idade é o segmento etário que mais cresce na população brasileira, com expectativa que aumente mais 4% até 2022.
Em Mato Grosso, o ritmo de envelhecimento populacional é progressivo. O censo realizado em 2010 pelo IBGE apontava que mais de 143 mil pessoas com mais de 60 anos habitavam no estado. A Secretaria de Estado de Planejamento, também com suas pesquisas, garante que até 2030 a população idosa aumentará consideravelmente.
Apesar do crescimento dos números e do aumento da expectativa de vida, as condições de vida para o idoso em Mato Grosso ainda são deficientes em quesito de execução. Ainda que haja projetos e leis aprovadas no âmbito dos direitos da pessoa 60+, a prática, em muitas vezes, se reduz às vagas de estacionamento reservadas e prioridades em filas, sendo até estes negligenciados em alguns casos.
Em novembro de 2019 foi aprovado o projeto de lei que autorizava a criação do Programa Estadual de Assistência Domiciliar Interdisciplinar para Idosos, que previa o tratamento em casa de idosos, imaginando um desafogamento do sistema de saúde e também melhores condições para o paciente.
O projeto proposto pelo deputado Valdir Barranco garante a saúde do idoso em seu domicílio, mas segundo dados do Sistema de Indicadores de Saúde e Acompanhamento de Políticas do Idoso da Fundação Oswaldo Cruz, 11,5% dos idosos moram sozinhos, apenas em Cuiabá.
É realidade que mesmo em muitos casos de internações hospitalares, os filhos precisam recorrer com ações judiciais garantindo um leito de enfermaria ou UTI para seus pais, avós ou familiares já idosos. Essa situação já não ocorre quando o idoso mora sozinho.
A lei 11.281/2020 instituiu a campanha ‘Idosos Órfãos de Filhos Vivos’, que tenta a conscientização acerca do abandono de idosos em lares e asilos, mesmo tendo os filhos condições de cuidar. A lei foi aprovada para que em todo outubro de cada ano, ações ajudem no trabalho de diálogo e prevenção deste tipo de conduta. Entretanto, sua execução ainda é falha em muitos aspectos.
Em novembro de 2020, a partir da Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania, a primeira-dama Virgínia Mendes garantiu R$ 26 milhões em investimentos para ações em assistência aos idosos dentro do programa “MT Mais”. Uma das ações previa a construção de mais Centro de Convivências de Idosos (CCIs). Um ano depois, nada mais foi dito. Atualmente, a Prefeitura de Cuiabá mantém apenas quatro CCIs na capital, sendo um número bastante reduzido e de difícil acesso para muitas regiões.
A pesquisadora da área de Saúde Coletiva, Elizete Bezerra garante por seus estudos que o crescimento da população idosa deve acontecer com qualidade de vida, pois com o avançar da idade aumentam também os números de problemas de saúde, aumentando a mortalidade. Ela também garante que o diálogo e o debate sobre políticas que ajudem a transformar a vida das pessoas em algo melhor e resulta em um envelhecimento saudável da população que aprendeu desde cedo a se cuidar e teve seus cuidados.
Isso resultaria em ações eficazes e que de fato chegariam ao idoso e lhes seriam úteis. A população idosa continua a crescer e essa é a expectativa de acordo com os dados mostrados anteriormente, mas sem que haja um tratamento melhor por parte do poder público, teremos cada vez mais idosos doentes, infelizes, marginalizados e esquecidos.
Em especial por jornalista Yan Lucas